Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia, atriz, atuou em 17 longas, 13 séries de TV e 10 espetáculos teatrais. Também é mestre de cerimônias, apresentadora, diretora e locutora trilíngue; fala inglês fluentemente e francês. 6 prêmios nacionais e internacionais de Melhor Atriz e Melhor Direcão. No CINEMA, atua em Lusco-Fusco, Amadeo, Cerrates Robin Hoods, Meu último desejo, Lispectorante, Cidade;Campo, Amado, Sangue Azul, Onde Quer Que Você Esteja, Todas as cores da noite, Bruna Surfistinha, Flores do Cárcere, As melhores coisas do mundo, Bom dia, eternidade, Dente por dente, Contra a parede. Na TELEVISÃO, atua na série Na Batalha (estreia em breve). Na TV Globo, atuou nas séries Sob Pressão, Assédio e na comédia A mulher do prefeito. Na HBO Max, está no k-drama Além do Guarda-roupa. Protagonizou episódio da série História de Preta. Participou das séries África da Sorte, Hard, Beleza S/A, Ninguém tá olhando, Somos um só, 9mmSP. É apresentadora da série Gol de Letra (estreia em breve). Contato: atendimento@castinglab.com.br 

4 de junho de 2014

Meus anos de solidão

Desde menina, sempre tive tendência à solidão. Caçula de dois mais velhos, lidava, à hora de dormir, com papai e mamãe dividindo a suíte, o zum-zum-zum dos irmãos papeando no quarto ao lado, e, no meu, eu só, entre Barbies, Pogobol e Moranguinhos. Sob minha cama, os fantasmas da noite jaziam vigilantes ao xixi noturno e à mamadeira de Nescau quentinho, tardios hábitos secretos da marmanja que lia cada página como quem conta carneirinhos para o sono chegar. "Casa de Vó é Sempre Domingo", de Marina Martinez, "8 Minutos dentro de uma Fotografia", de Ganymédes José, "Sozinha no Mundo", de Marcos Rey... e nunca Monteiro Lobato. Nunca. Então dormia... e sonhava a menina. 
Mas solidão só presta se for sob medida, com prazo limite. Só não dói pra quem tem amor, música, ou algo pra ler; pode ser um jornal velho de anteontem, embalagem de shampoo pra cabelos crespos, mas, se for um livro, ah! Ótimo. Se for bom, melhor ainda. Aí basta. 
Cem Anos de Solidão
Ontem acabei "Cem Anos de Solidão". Fiquei arrastando os últimos capítulos, pra fazer render e durar mais. Entendi perfeitamente o porquê do danado do Gabriel Garcia Márquez ter sido o autor do clássico mais lido no planeta. Fiquei hipnotizada por este tal realismo fantástico, pela escrita artística de Gabo, pela urgência que ele imprime nas suas viagens criativas. Me fez refletir sobre as tradições familiares, as raízes e a polítca. Pirei na Macondo de borboletas amarelas, peixinhos de ouro e gente com rabo de porco. Vi os 17 Aurelianos com cruz na testa, Rebeca comendo terra escondida, Fernanda fazendo necessidades em penicos de ouro, Remédios subindo aos céus com lençóis flutuantes... quanto poder existe no dom da escrita! É o dom de perpetuar sonhos através do tempo e do espaço. É lindo! 
Gabo dizia que "o segredo de uma velhice agradável consiste apenas na assinatura de um pacto honroso com a solidão". Sendo assim, enquanto me restar saúde, visão e algum livro pra ler, estarei salva, porque, quando você vive outras vidas, a solidão é compartilhada com aquele mundo inventado. É uma deliciosa viagem. Eu ousaria chamá-la de felicidade. 

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