Altas terras. Em tupi, Ibiá. Trevo, triângulo mineiro.
Tem rodoviária sem ônibus, padaria sem brôa, boite sem puta.
Matriz, coreto, correio, sorveteria. Pastel Kent, Drogaminas, Calçados Duarte, Dois Irmãos Borracharia.
E todo mundo era de alguém no bairro Rosa Maria: Maura do Zé Ravanhane, Zilda do Simeão, Lena do Zete, e Dona Nôla do Sô Paulo, meus avós. Nove filhos, dois não vingaram. Sobraram sete, com unhas aparadas e orelhas sem macuco.
Dona Nôla do Sô Paulo tinha a delicadeza do gato quando roça na canela, mas butuca de onça quando mata galinha pro almoço. Bicho-de-sete-cabeças: tanta moela jorrando em spray pelo quintal. Ela ria.
O gay era "educadinho". A empregada era "ajudante". E minha vó era meu Papai Noel negão, o bolo de fubá que derrete no céu da boca, o alpendre com samambaia suada de chuva. Desde quando eu era tão miúda que só cabia um coração no lugar do seio.
Por Lenda Brígia
Por Lenda Brígia
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Minha vó Lola, ou Dona Nôla do Sô Paulo (1982) Maria Aparecida Miguel da Silva |
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