Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês). Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos. Prêmios/ ATRIZ -Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023) -Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022) -Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê -Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia CINEMA Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc. MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT. Contato: atendimento@castinglab.com.br

22 de março de 2021

Brenda Ligia vence Batalha de Slam da Flipf 2021

Brenda Ligia foi a campeã da Batalha de Slam da Flipf, Festa Literária Internacional da Praia do Forte. A Flipf é um evento que reúne autores consagrados e novos talentos da literatura, com curadoria de Bráulio Tavares. Parabéns pela iniciativa, Estado da Bahia, Secult BA Secretaria de Cultura e Fundação Pedro Calmon. Assista AQUI!

Chilique, por Brenda Ligia
"Hoje eu quero falar sobre viver. Ser vivo, gente, gene, cromossomos. Como somos frágeis, vulneráveis. Cheguei da feira. Livre? Limpo pote, lavo germe. Álcool gel entranha a derme. Acordei estranha, astral meio molenga. Tem dia bom, outro ruim. A alma, às vezes, tá capenga. Lágrimas caem do olho castanho se choro escondida na lava do banho. Não consigo nem Netflix; não me sobra nenhum tempinho. Seu tempo é anos luz ou passa devagarinho?
Hoje eu tenho um encontro online, é claro. Tem live da cloroquina, covid, bolsonaro. Adoça nossa fossa coletiva cibernética; minha cólera é patética, sem rima, sem poética. Os minutos, eu contei. 50 semanas, calculei, em tarefas cotidianas que nunca vão cessar. Humano finge bem estar. Overdose de tela. Ontem mesmo, tão singela, até carnaval foi virtual. Isso que é requinte! É tradição, é cultural. Começou às 4:15, acabou às 4:20h.
Amargura a criança caipira girando isolada na cela de aula. Quadrilha da infância perdida, pipoca esquecida, balancê na jaula. Assombro macabro, desgoverno paspalho. Nação mortífera que abate sem comida nem trabalho. Comprovam os números: negros sangram primeiro. Sangue pobre brasileiro desde 1500. Meus sentimentos, mas são apenas números. Sem constrangimentos, mas são apenas pretos. E daí? E daí!?
Desculpem o chilique. Não tem imbecil que justifique. Sigo leve, “pra frente Brasil”. Sarau Embaixo da Terra é o que melhor me descreve. 80 tiros de fuzil? Isso é o quê? Guerra civil! 
Meu surto aqui se encerra com um sublime atraso. Sem máscara, no caso. No caos, Raul: meu erê celebra o sol como se sopro de vida solo. Só nos olhos seus futuro é presente, o abrigo no colo. Debocha da cura do mundo doente encharcado por vírus do amor. Mire agora meus olhos opacos: já mudaram até mesmo de humor! Só resta juntar os cacos, reconstruir esse mundo novo. Entre o afeto e a desordem, meu povo, acordem! Pra gente se proteger tem que pensar sobre viver. Se preciso, vai ter luta. Nisso pode apostar! O meu grito não se escuta: parem de nos matar!
Parem de nos matar! Ancestral é o nosso resgate. Se não quer que eu morra, então não me mate. Quer ver o fogo queimar? Nossas forças não se esgotam. Tudo bem, todo mundo é humano mas vidas negras importam". 

BATALHA DE SLAM da Flipf / fev 2021

*21 de março: Dia Mundial da Poesia*

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