Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia, atriz, atuou em 17 longas, 13 séries de TV e 10 espetáculos teatrais. Também é mestre de cerimônias, apresentadora, diretora e locutora trilíngue; fala inglês fluentemente e francês. 6 prêmios nacionais e internacionais de Melhor Atriz e Melhor Direcão. No CINEMA, atua em Lusco-Fusco, Amadeo, Cerrates Robin Hoods, Meu último desejo, Lispectorante, Cidade;Campo, Amado, Sangue Azul, Onde Quer Que Você Esteja, Todas as cores da noite, Bruna Surfistinha, Flores do Cárcere, As melhores coisas do mundo, Bom dia, eternidade, Dente por dente, Contra a parede. Na TELEVISÃO, atua na série Na Batalha (estreia em breve). Na TV Globo, atuou nas séries Sob Pressão, Assédio e na comédia A mulher do prefeito. Na HBO Max, está no k-drama Além do Guarda-roupa. Protagonizou episódio da série História de Preta. Participou das séries África da Sorte, Hard, Beleza S/A, Ninguém tá olhando, Somos um só, 9mmSP. É apresentadora da série Gol de Letra (estreia em breve). Contato: atendimento@castinglab.com.br 

11 de maio de 2020

Texto de Brenda Ligia no Blogueiras Negras

Por falar em mãe, a minha adorava bater perna no centro de São Paulo. Eu, criança de uns 6 anos, andava segurando seus dedos gordinhos até o Mappin da Praça Ramos. Meu irmão, descolado, ia solto atrás da gente, misturando-se à multidão apressada. Num desses passeios em família, a polícia teve certeza que meu irmão, suposto trombadinha, estava prestes a assaltar a distraída senhora quase branca, alheia ao perigo que o próprio filho representava à sociedade brasileira. Foi parado para revista; o primeiro baculejo gelou a espinha do moleque de 10 anos. Não sabia que mais tarde, já adolescente, corintiano e negro, teria que provar a outros racistas que morávamos, realmente, no edifício Lugano da Avenida Higienópolis. 
Texto de Brenda Ligia no portal Blogueiras Negras
Voltando aos anos 80, com voz trêmula, meu mano berrou: “manhê!”. Quando mamãe olhou pra trás e viu a cria sendo apalpada pelos gambés, bradou feito leoa ninja. Abriu-se um clarão; o povo curte show de amor explícito. A bolsa da liquidação do Mappin, que carregava presa ao peito, voou rasante rumo aos homens da lei, sob os gritos de “Larga meu filho!” e “Vai prender bandido!”. Os fardados, acuados pela fúria da Dona Marizia (soltava fogo pelas ventas) e cientes da violência cometida, sepultaram as armas como quem pede desculpas e finalmente tiraram as mãos do menor “de família”. Assustada, só chorei por dentro. O povo dispersou. A bichona-leoa Marizão (quem conhece, sabe) se aprumou numa elegância coreografada e, com mãos firmes de mãe forte, nos segurou pelos pulsos (um filho de cada lado). Na volta pra casa, ninguém largou a mão de ninguém e seguimos na cumplicidade silenciosa de uma família tipicamente brasileira. São sempre os nossos que sangram primeiro. 
Texto de Brenda Ligia Miguel, publicado no Blogueiras Negras
Dedico às mães-feras que, para blindar seus rebentos, travam árduas batalhas todos os dias. 

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