Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês). Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos. Prêmios/ ATRIZ -Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023) -Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022) -Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê -Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia CINEMA Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc. MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT. Contato: atendimento@castinglab.com.br

24 de julho de 2018

Gabriela Varallo

ONDE QUER QUE VOCÊ ESTEJA  Gabriela Varallo
Nem o sol quente de um dia cinza de inverno colore as cenas que moram em mim agora. Fui à cerimônia de cremação da amada Gabriela: mãe, filha, esposa, irmã, amiga, mulher. 
Bela, alta, grande, forte. Elegante, inteligente, autêntica. Era a Gábi, ela. Ela não é adorável?
Como brilha, essa moça! É isso que quero guardar no coração: o esplendor que exala da sua alma. Esse, independe do corpo físico. 
Gabriela Varallo, descanse em paz
Procuro fazer um árduo trabalho de reprogramação mental, substituindo imagens sombrias pelas faíscas do bem. 
A mãe, leoa ferida, chorando sobre a filha fria, florida, inerte… troco por aquele chimarrão quentinho que as duas racharam numa tarde de chuva, cozinha de vó, enquanto confessavam segredos de uma vida inteira.
O grito seco do pai dilacerado, perdido, coroando sua menina-deusa com flores amarelas… troco pelo ronco da motocicleta naquele passeio que fizeram à tardinha, desbravando caminhos mágicos de ternura em família. 
Os filhos, pequenos seres partidos pela ausência gigante… troco pela lembrança dos bebês borbulhentos, de fraldas ainda, que faziam festa enquanto Gábi fazia químio, guerreira. Ela não é maravilhosa?
Nunca desistiu nem duvidou. Nem por um dia, sequer, deixou de lutar. Foram 10 anos de luta. Luto. 
Como bem disse seu marido-fortaleza, revestido por uma aura iluminada de amor, compreensão e sabedoria, Gabriela foi para outro lar, assim como faremos todos nós, um dia. Devemos exaltar sua vida, não sua morte. 

Agora vasculho o passado virtual em busca de qualquer vestígio do meu amor por Gabriela. Lamento por aquele café que não tomamos, pela viagem que não fizemos, pela falta que farão aqueles intensos olhos de esmeralda-brilhante, sorrisão do tamanho do globo. Agradeço à família Varallo por nos terem dado a honra da convivência com a Gábi, ainda que pouco, jamais o suficiente. Ela não é preciosa?

Em sendo especial tudo que vem dela, Gabriela, sua despedida foi a cena de um musical triste, porém cheio de encantos e mágica. Começou a tocar uma música do Stevie Wonder. À sua volta, uma corrente de vida e energia presente: família, amigos e outros espíritos quase nítidos. Ao primeiro acorde, o grande pai, tão belo, mesmo no pior momento da sua frágil existência, teve forças para bater palmas ao ritmo de “Isn’t She Lovely”. Imediatamente, todos fizemos o mesmo, acompanhando a súplica. O auditório lotado; pessoas de pé, ao chão, nos corredores do crematório, unidos em nosso lamento e saudade, seres passageiros que somos. Alguns dançavam e aplaudiam de olhos fechados, eu vi, entre suspiros e lágrimas, abençoando a passagem da rainha do cosmo ao compasso da melodia. 
Stevie Wonder fez esta música em 1972 para celebrar o nascimento da sua filha, e também para esse pai, em 2018, eternizar a passagem da sua eterna criança, Gabriela. 
Nesse momento, raios de sol entraram pelos vitrais coloridos e anjos vieram buscá-la; aqueles minutos finais vão durar para sempre dentro de cada um de nós. Fecham-se as cortinas, mas é apenas o fim do primeiro ato. Vida que segue, aqui ou lá. E ninguém sabe para quando está marcada a próxima viagem. 
Não adiemos aquele ‘eu te amo’, aquele abraço, aquele sorriso, perdão, ou convite; pode ser tarde demais. A vida é sopro e o tempo não perdoa. 
Que descanse em paz. 
Ela, tão bela, Gabriela, cheia de luz em seu leito perene, grinalda de flores, alva, pausada. 
Missão cumprida, mulher-anjo, pode voar, descansar. Vá brilhar em outras dimensões, porque você é adoravelmente FEITA DE AMOR.

Isnt’t she lovely? https://youtu.be/b2WzocbSd2w


*me perdoem aqueles que não gostariam de ter sido marcados nos comentários deste post, prometo não repetir. De qualquer forma, todo amor e força a vocês. 
Juntos somos mais fortes.

Nossa Gábi eterna:
https://www1.folha.uol.com.br/amp/cotidiano/2018/07/mortes-jornalista-apaixonada-pela-vida-colecionava-viagens-e-amigos.shtml

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