Brenda Ligia e Robert Softley (Escócia) |
No Festival Internacional de Artes Cênicas Janeiro de Grandes Espetáculos, conheci um artista escocês chamado Robert Softley. No seu primeiro dia de vida, um revés: algo no corpo humano não funcionou direito, e sua mãe morreu antes do parto. A junta médica se esforçou para retirá-lo às pressas do ventre sem vida; embora o tempo sem oxigenação no cérebro tenha sido mínimo, foi suficiente para deixá-lo com paralisia cerebral. PC. Irreversível.
Robert tem dificuldade nas funções motoras, na fala, etc. Usa cadeira de rodas, mas muitas vezes prefere engatinhar pelo chão para se locomover. Sua inteligência é normal. Ou maior que o normal. Considerando as agruras da deficiência, o rapaz resolveu entrevistar diversas pessoas em condição semelhante. Compilou as melhores histórias, tantos as feias quanto as belas; adaptou-as, ensaiou, e criou o espetáculo "If these spasms could speak" (Se esses espasmos pudessem falar), em referência à perturbação causada pelos espasmos que o acometem constantemente, devido à PC.
Robert Softley em cena (If these Spasms Could Speak) |
O espetáculo teatral foi selecionado para o Festival JGE: Robert Softley veio ao Brasil e emocionou o público nas três apresentações no teatro da Caixa Cultural do Recife. Também ministrou uma oficina formativa (lotada), na qual tive o privilégio de conhecê-lo. Na foto, ao lado de Robert, exibo meu certificado do workshop "Narrativas Pessoais na Criação Artística".
Aos presentes, ele lembrou que existem inúmeras possibilidades de formas representativas com utilização do corpo humano, com ou sem deficiência. Infeliz do ator que, em cena, economiza seu corpo! Quase todas as limitações estão onde nós as colocamos. Tudo é possível: a interação entre corpo, mente e espírito são infinitas.
E para coroar a pieguice do meu gosto por histórias de superação: com Robert Softley percebi que mesmo corpos "normais" podem ter deficiências, como quem olha e não vê, nem sente, nem deseja. A pior das paralisias é a incapacidade de SONHAR.
Abaixo, a primeira dança dos noivos no casamento de Robert... um belo espetáculo celebrando O AMOR.
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