À esquerda, o mais velho. No meio, a caçula. À direita, o do meio. (meus irmãos e eu) |
Primeiro
ouvia-se o tilintar do molho. O chiado da maçaneta, o estalar da dobradiça, o
ranger dos passos e, então, o assobio. Sempre às dezenove horas.
Naquele dia
ele trouxe uma surpresa: a caixa com furinhos que piavam. Os olhos das crianças
brilharam. Três pintinhos: um pra cada, bamboleando pelo balcão.
À primeira
bicada, a caçula amarelou. Emburrada, disse que nunca mais iria relar no pinto
e nem comer gemada de manhã. Surtou.
O do meio
levou o dele pra conhecer o quintal. Mas se desencontraram, e por distração (do
petiz, não do filhote) acabou pisando no pobre pinto, esborralhado sem dar um
pio. Ploft.
Mas quem
mais gostou do presente foi o primogênito, que começou com brandos afagos e foi
sucumbindo à empolgação. O moleque achou aquilo fofo, mas tão fofo, que amassou
o coitado do pinto até esmagá-lo entre suas mãozinhas. Misericórdia.
Choro em
coro. Pais em frangalhos. E só pararam de soluçar durante o adeus aos
desenganados no quintal porque o pai, com o pinto vivo na mão, prometeu
que ia trazer três tartaruguinhas no dia seguinte: uma
pra cada.
Por Lenda
Brígia
(para meu
pai e meus irmãos; em memória dos nossos três pintinhos que viveram e morreram nos anos 80)
Um comentário:
Ótimo texto e linda foto !!
Eu também sou caçula de três irmãos !!
Beijos.
Postar um comentário