Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês). Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos. Prêmios/ ATRIZ -Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023) -Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022) -Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê -Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia CINEMA Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc. MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT. Contato: atendimento@castinglab.com.br

14 de maio de 2015

Memória de infância


Uma das primeiras memórias que tenho da infância é de quando vi, pela primeira vez, a lua. Eu tinha uns 4 anos e viajava no banco de trás da nossa Variant branca, indo de Ilhéus para Itabuna. Ia solta, sem cinto de segurança nem nada, porque nos anos 80 era assim, mesmo. Minha mãe, a motorista, com grandes bobes coloridos escondidos nos cabelos, sob um lenço estampado, dirigia pela estrada enquanto fumava feito caipora, soltando baforadas do seu Plaza longo c/ piteira (nos anos 80 era assim, mesmo).
A Lua e Eu

Eu, sarará de maria-chiquinha e barrigão cheio de verme, observava o mundo com os olhinhos atentos de criança curiosa... via o mar, a fumaça, e a joaninha que eu trazia, com cuidado, na palma da mão.
"Essa vai morar com a gente", pensei meu segredo, "e dormir comigo, no meu quarto". Satisfeita, eu.
Via o céu, as estrelas, a lua... mas, peraí: a lua estava seguindo a gente. Os coqueiros passavam, as casinhas de beira de estrada ficavam pra trás, tudo sumia de vista... mas a lua, não! Ela estava, definitivamente, se-guin-do a gente!
-Mãe! A lua está seguindo a gente, mãe!
Pelo retrovisor, ela me olhou, sorriu e disse "ãrran".
Como assim? Só "ãrran"? Um evento daquela dimensão, descoberto por mim, e ela apenas "ãrran"!? Tsc, tsc, tsc... que decepção, Dona Marizia.
E assim foi até chegarmos em casa: a lua nos fez a escolta exclusiva mais brilhante de que se teve notícia. Eu, me sentindo importante, esboçava um sorriso tão largo que exibia até as estrelas do céu da boca. "Só podia ser coisa da joaninha da sorte!"
Menina mais satisfeita, naquele dia, não havia em toda a Bahia.

Ao longo dos anos, descobri que a lua me seguiria sempre, por onde quer eu fosse. Desde quando nasci (virada pra lua?), na minha amada Ibiá/MG (onde a vida tem cheiro de pão de queijo de vó), passando por São Paulo, Suíça, Trinidad & Tobago, Panamá, Recife... por onde andei, até os dias de hoje, ela (soberana) me vigia (e reina) atenta, lá do topo.
No céu de minha existência, ao longo das últimas décadas, a lua deu 481 voltas na Terra, mantendo sempre sua beleza majestosa, única. Quem mudou fui eu... bastante. Mas aquela menininha ainda brinca em minha alma... principalmente esta noite, quando encontrei uma joaninha na calçada e trouxe escondida, pra morar comigo. Me sinto, de novo, como aquela criança ingênua que guardo desde sempre, com carinho, aqui na minha memória emotiva; que se encantava com as maravilhas do mundo e os mistérios dos céus, sem saber ao certo onde termina um e começa o outro.

E você, qual é sua primeira memória de infância?

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