São Paulo |
O táxi estava parado no ponto. Pedi pra me deixar na Juscelino.
-Pra quando é?
-Ué, agora.
-Não, o bebê.
-Ah, novembro.
Riso amarelo via retrovisor.
-Eu também tenho 3 meninas. Mas tô separado delas. Aprontei com a minha mulher, sabe, moça? Eu mexia com coisa errada...
Por algum motivo que até agora não consigo desvendar, o taxista resolveu desabafar comigo. Em menos de alguns quarteirões, incluindo o trânsito do rush, me contou que aplicava golpes em caixas eletrônicos. É... isso mesmo.
Falando em banco, eu, no de trás, procurava transparecer serenidade diante da revelação.
Av. Europa parada, imagina. Ele disse que um dia foi pra quadra curtir com os trutas e traiu a esposa com uma prima. Aí foram pro hotel e passaram a noite no “rá-tá-tá”.
-Quando o dia tava clareando, me vi naquela situação. Pensei na minha família, me ajoelhei e pedi a Deus pra me salvar. Eu não aguentava mais! E ele falou comigo, sabe? Eu senti, moça, te juro pra você.
Concordei com a cabeça; “é... tava doidão”.
-Mas eu ainda tinha um corre pra fazer de manhã com os camaradas. Era pra ser o último. E cê acredita que nós rodamos?!
Eu, passageira sonsa, achando tudo su-per nor-mal.
Contou que ficou mais de 1 ano preso. A mulher só foi visitá-lo uma vez. As filhas, nenhuma. “Porque cadeia não é lugar de criança”. Na cela, fez vários amigos firmeza. Ficar trancado foi até bom pra largar o crack, porque estava desandado. E foi lá dentro que recebeu a bênção e Deus tocou seu coração: foi curado pelo Pai. Emocionado, enxugou os olhos por trás dos óculos de grau.
-Aprendi a roubar por causa da televisão, vendo o Lucas da novela Top Model, lembra? Pena que perdi minha família por causa disso... olha ali, que da hora!
De repente, viu um prédio comercial, na Faria Lima, todo espelhado e moderno. Achou lindo; pegou o celular e tirou 3 fotos. “Vou mandar pra ela, pelo whatsapp”. Ah, tá.
Ufa, chegamos. Parou o carro. Confusa, dei 30 reais.
-Moça, posso te fazer uma pergunta pra você?
Ai, ai, ai... gelei. Mas manda, vai. Ele quis saber se, quando eu rezava pra pedir alguma coisa pra Deus, conseguia ouvir a resposta dos céus.
-Olha, pra ser sincera, moço, ultimamente não tenho pedido nada pra Deus, não. Somente agradeço, todos os dias. E muito obrigada... fica com Deus.
Sorri e bati a porta tão forte que quase não deu pra ouvir quando ele respondeu “amém”. Foi sem querer.
-Pra quando é?
-Ué, agora.
-Não, o bebê.
-Ah, novembro.
Riso amarelo via retrovisor.
-Eu também tenho 3 meninas. Mas tô separado delas. Aprontei com a minha mulher, sabe, moça? Eu mexia com coisa errada...
Por algum motivo que até agora não consigo desvendar, o taxista resolveu desabafar comigo. Em menos de alguns quarteirões, incluindo o trânsito do rush, me contou que aplicava golpes em caixas eletrônicos. É... isso mesmo.
Falando em banco, eu, no de trás, procurava transparecer serenidade diante da revelação.
Av. Europa parada, imagina. Ele disse que um dia foi pra quadra curtir com os trutas e traiu a esposa com uma prima. Aí foram pro hotel e passaram a noite no “rá-tá-tá”.
-Quando o dia tava clareando, me vi naquela situação. Pensei na minha família, me ajoelhei e pedi a Deus pra me salvar. Eu não aguentava mais! E ele falou comigo, sabe? Eu senti, moça, te juro pra você.
Concordei com a cabeça; “é... tava doidão”.
-Mas eu ainda tinha um corre pra fazer de manhã com os camaradas. Era pra ser o último. E cê acredita que nós rodamos?!
Eu, passageira sonsa, achando tudo su-per nor-mal.
Contou que ficou mais de 1 ano preso. A mulher só foi visitá-lo uma vez. As filhas, nenhuma. “Porque cadeia não é lugar de criança”. Na cela, fez vários amigos firmeza. Ficar trancado foi até bom pra largar o crack, porque estava desandado. E foi lá dentro que recebeu a bênção e Deus tocou seu coração: foi curado pelo Pai. Emocionado, enxugou os olhos por trás dos óculos de grau.
-Aprendi a roubar por causa da televisão, vendo o Lucas da novela Top Model, lembra? Pena que perdi minha família por causa disso... olha ali, que da hora!
De repente, viu um prédio comercial, na Faria Lima, todo espelhado e moderno. Achou lindo; pegou o celular e tirou 3 fotos. “Vou mandar pra ela, pelo whatsapp”. Ah, tá.
Ufa, chegamos. Parou o carro. Confusa, dei 30 reais.
-Moça, posso te fazer uma pergunta pra você?
Ai, ai, ai... gelei. Mas manda, vai. Ele quis saber se, quando eu rezava pra pedir alguma coisa pra Deus, conseguia ouvir a resposta dos céus.
-Olha, pra ser sincera, moço, ultimamente não tenho pedido nada pra Deus, não. Somente agradeço, todos os dias. E muito obrigada... fica com Deus.
Sorri e bati a porta tão forte que quase não deu pra ouvir quando ele respondeu “amém”. Foi sem querer.
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