Brenda Ligia e Marisa Orth na exposição Histórias Mestiças |
Histórias Mestiças é uma exposição com profunda e renovada investigação sobre as matrizes formadoras do povo brasileiro: a questão da mestiçagem e seu rebatimento na produção artística.
Traz ao público não uma história da mestiçagem, mas uma mestiçagem de muitas histórias.
Em cartaz até 5 de outubro no Instituto Tomie Otakie (entrada gratuita).
O quadro, que recebeu muitas críticas, representa o imenso número e
variedade racial das pessoas vindas de todas as partes do Brasil para
trabalhar nas fábricas que começavam a surgir no país, principalmente
nas metrópoles, como em São Paulo, na década de 30, impulsionando o
capitalismo e a imigração.
“INCÔMODO” (2014, Sidney amaral/ Sidney Amaral)
“Se negro sou, ou sou bode
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta.
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes”
Luís Gama (o maior abolicionista do Brasil, em 1859)
“CONTINGENTE YANOMAMI” (2003, Adriana Varejão Atelier)
Adriana trabalha bastante com azulejos e está entre as mais bem-sucedidas artistas do circuito mundial de artes plásticas. Sua obra tem como base o período colonial brasileiro, e ela se inspira nos botequins cariocas e nos banheiros públicos europeus.
“PARANGOLÉ” (Hélio Oiticica)
Hélio Oiticica chamava o Parangolé de "antiarte por excelência". Trata-se de uma espécie de capa que não desfralda plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais (pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira).
Adriana trabalha bastante com azulejos e está entre as mais bem-sucedidas artistas do circuito mundial de artes plásticas. Sua obra tem como base o período colonial brasileiro, e ela se inspira nos botequins cariocas e nos banheiros públicos europeus.
“PARANGOLÉ” (Hélio Oiticica)
Hélio Oiticica chamava o Parangolé de "antiarte por excelência". Trata-se de uma espécie de capa que não desfralda plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais (pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira).
Nixi Pae, A Negra, Baiana e Macumbinha |
“EM BUSCA DO SAGRADO JIBÓIA NIXI PAE” (2014, Ernesto Neto).
O ritual do Nixi Pae é cantado todo na sua língua de origem, o hatxã kuin, e segue a tradição milenar de seus antepassados. Conta o mito de que foi a jibóia encantada que trouxe esta medicina sagrada (Ayauaska) para seu povo.
Chocalhos, pimenta, cravo… experiência sensorial deliciosamente única!
“A NEGRA” (Alfredo Volpi)
Alfredo Volpi (1896-1988) foi um pintor ítalo-brasileiro considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Uma das características de suas obras são as bandeirinhas e os casarios. Em 1927, Volpi conheceu o seu grande amor, uma pessoa com quem se afeiçoava muito: uma garçonete chamada Benedita da Conceição, com quem teve uma filha. É quase certo que sua mulher tenha sido sua modelo para o quadro Mulata.
“BAIANA” (artista desconhecido, 1850)
“MACUMBINHA” (2008, Erika Verzutti/ Erika Verzutti)
Sabe por que a pipoca é usada nos trabalhos?
"A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. E você, o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?"(Emídio de Ogum)
A Mestiça, Aleijadinho, Velho Ex-Escravo e Índia |
“A MESTIÇA” (1934, Candido Portinari)
"Aleijadinho" (Minas Gerais, 1738)
Quase nada ficou registrado sobre sua vida pessoal, a não ser que gostava de se entreter nas "danças vulgares" e comer bem, e que amasiou-se com a mulata Narcisa, tendo com ela um filho. Depois de 1777 o artista começou a exibir sinais de uma misteriosa doença degenerativa, que lhe valeu o apelido de "Aleijadinho". O seu corpo foi progressivamente se deformando, o que lhe causava dores contínuas; teria perdido vários dedos das mãos, restando-lhe apenas o indicador e o polegar, e todos dos pés, obrigando-o a andar de joelhos. Para trabalhar tinha de fazer com que lhe amarrassem os cinzéis nos cotos, e na fase mais avançada do mal precisava ser carregado para todos os deslocamentos - sobrevivem recibos de pagamentos de escravos que o levavam para cá e para lá, atestando-o. Para ocultar sua deformidade vestia roupas amplas e folgadas, grandes chapéus que lhe escondiam o rosto, e passou a preferir trabalhar à noite, quando não podia ser visto facilmente, e dentro de um espaço fechado por toldos.
“VELHO EX-ESCRAVO” (1925, Lasar Segall)
O velho Olegário, um ex-escravo de olhar embaçado pela idade avançada, posou para Segall diante do terraço da casa de uma fazenda no interior de São Paulo. Segall se impressionou de tal forma com o rosto vincado do negro Olegário, semelhante a uma máscara expressionista, que transformou esse personagem na figura central da grande tela Bananal, de 1927, hoje no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
“ÍNDIA” (Anita Malfatti)
Anita Malfatti (SP,1889 - 1964) nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da sua vida.
"Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada me revelara minha sensibilidade. Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."
Anita Malfatti
"Aleijadinho" (Minas Gerais, 1738)
Quase nada ficou registrado sobre sua vida pessoal, a não ser que gostava de se entreter nas "danças vulgares" e comer bem, e que amasiou-se com a mulata Narcisa, tendo com ela um filho. Depois de 1777 o artista começou a exibir sinais de uma misteriosa doença degenerativa, que lhe valeu o apelido de "Aleijadinho". O seu corpo foi progressivamente se deformando, o que lhe causava dores contínuas; teria perdido vários dedos das mãos, restando-lhe apenas o indicador e o polegar, e todos dos pés, obrigando-o a andar de joelhos. Para trabalhar tinha de fazer com que lhe amarrassem os cinzéis nos cotos, e na fase mais avançada do mal precisava ser carregado para todos os deslocamentos - sobrevivem recibos de pagamentos de escravos que o levavam para cá e para lá, atestando-o. Para ocultar sua deformidade vestia roupas amplas e folgadas, grandes chapéus que lhe escondiam o rosto, e passou a preferir trabalhar à noite, quando não podia ser visto facilmente, e dentro de um espaço fechado por toldos.
“VELHO EX-ESCRAVO” (1925, Lasar Segall)
O velho Olegário, um ex-escravo de olhar embaçado pela idade avançada, posou para Segall diante do terraço da casa de uma fazenda no interior de São Paulo. Segall se impressionou de tal forma com o rosto vincado do negro Olegário, semelhante a uma máscara expressionista, que transformou esse personagem na figura central da grande tela Bananal, de 1927, hoje no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
“ÍNDIA” (Anita Malfatti)
Anita Malfatti (SP,1889 - 1964) nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da sua vida.
"Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada me revelara minha sensibilidade. Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."
Anita Malfatti
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