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Brenda Ligia e Marisa Orth na exposição Histórias Mestiças |
Histórias Mestiças é uma exposição com profunda e renovada investigação sobre as matrizes formadoras do povo brasileiro: a questão da mestiçagem e seu rebatimento na produção artística.
Traz ao público não uma história da mestiçagem, mas uma mestiçagem de muitas histórias.
Em cartaz até 5 de outubro no
Instituto Tomie Otakie (entrada gratuita).
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Operários, Incômodo, Contigente Yanomami e Parangolé |
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OPERÁRIOS” (1933,
Tarsila do Amaral)
O quadro, que recebeu muitas críticas, representa o imenso número e
variedade racial das pessoas vindas de todas as partes do Brasil para
trabalhar nas fábricas que começavam a surgir no país, principalmente
nas metrópoles, como em São Paulo, na década de 30, impulsionando o
capitalismo e a imigração.
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INCÔMODO” (2014,
Sidney amaral/
Sidney Amaral)
“Se negro sou, ou sou bode
Pouco importa. O que isto pode?
Bodes há de toda a casta,
Pois que a espécie é muito vasta.
Há cinzentos, há rajados,
Baios, pampas e malhados,
Bodes negros, bodes brancos,
E, sejamos todos francos,
Uns plebeus, e outros nobres,
Bodes ricos, bodes pobres,
Bodes sábios, importantes,
E também alguns tratantes”
Luís Gama (o maior abolicionista do Brasil, em 1859)
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CONTINGENTE YANOMAMI” (2003,
Adriana Varejão Atelier)
Adriana trabalha bastante com azulejos e está entre as mais bem-sucedidas artistas do circuito mundial de artes plásticas. Sua obra tem como base o período colonial brasileiro, e ela se inspira nos botequins cariocas e nos banheiros públicos europeus.
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PARANGOLÉ” (
Hélio Oiticica)
Hélio Oiticica chamava o Parangolé de "antiarte por excelência". Trata-se de uma espécie de capa que não desfralda plenamente seus tons, cores, formas, texturas, grafismos ou as impregnações dos seus suportes materiais (pano, borracha, tinta, papel, vidro, cola, plástico, corda, esteira).
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Nixi Pae, A Negra, Baiana e Macumbinha |
“EM BUSCA DO SAGRADO JIBÓIA NIXI PAE” (2014, Ernesto Neto).
O ritual do Nixi Pae é cantado todo na sua língua de origem, o hatxã kuin, e segue a tradição milenar de seus antepassados. Conta o mito de que foi a jibóia encantada que trouxe esta medicina sagrada (Ayauaska) para seu povo.
Chocalhos, pimenta, cravo… experiência sensorial deliciosamente única!
Alfredo Volpi (1896-1988) foi um pintor ítalo-brasileiro considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. Uma das características de suas obras são as bandeirinhas e os casarios. Em 1927, Volpi conheceu o seu grande amor, uma pessoa com quem se afeiçoava muito: uma garçonete chamada Benedita da Conceição, com quem teve uma filha. É quase certo que sua mulher tenha sido sua modelo para o quadro Mulata.
“BAIANA” (artista desconhecido, 1850)
Sabe por que a pipoca é usada nos trabalhos?
"A transformação do milho duro em pipoca macia é símbolo da grande transformação por que devem passar os homens para que eles venham a ser o que devem ser. Mas a transformação só acontece pelo poder do fogo. O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos. Dor. Pode ser o fogo de fora: perder um amor, perder um filho, ficar doente, perder o emprego, ficar pobre. Pode ser o fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão, sofrimentos cujas causas ignoramos. Piruá é o milho de pipoca que se recusa a estourar. São aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente se recusam a mudar. Elas acham que não pode existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. O destino delas é triste. Ficarão duras a vida inteira. E você, o que é? Uma pipoca estourada ou um piruá?"(Emídio de Ogum)
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A Mestiça, Aleijadinho, Velho Ex-Escravo e Índia |
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A MESTIÇA” (1934,
Candido Portinari)
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Aleijadinho" (Minas Gerais, 1738)
Quase nada ficou registrado sobre sua vida pessoal, a não ser que gostava de se entreter nas "danças vulgares" e comer bem, e que amasiou-se com a mulata Narcisa, tendo com ela um filho. Depois de 1777 o artista começou a exibir sinais de uma misteriosa doença degenerativa, que lhe valeu o apelido de "Aleijadinho". O seu corpo foi progressivamente se deformando, o que lhe causava dores contínuas; teria perdido vários dedos das mãos, restando-lhe apenas o indicador e o polegar, e todos dos pés, obrigando-o a andar de joelhos. Para trabalhar tinha de fazer com que lhe amarrassem os cinzéis nos cotos, e na fase mais avançada do mal precisava ser carregado para todos os deslocamentos - sobrevivem recibos de pagamentos de escravos que o levavam para cá e para lá, atestando-o. Para ocultar sua deformidade vestia roupas amplas e folgadas, grandes chapéus que lhe escondiam o rosto, e passou a preferir trabalhar à noite, quando não podia ser visto facilmente, e dentro de um espaço fechado por toldos.
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VELHO EX-ESCRAVO” (1925,
Lasar Segall)
O velho Olegário, um ex-escravo de olhar embaçado pela idade avançada, posou para Segall diante do terraço da casa de uma fazenda no interior de São Paulo. Segall se impressionou de tal forma com o rosto vincado do negro Olegário, semelhante a uma máscara expressionista, que transformou esse personagem na figura central da grande tela Bananal, de 1927, hoje no acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo.
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ÍNDIA” (
Anita Malfatti)
Anita Malfatti (SP,1889 - 1964) nasceu com atrofia no braço e na mão direita. Aos três anos de idade foi levada pelos pais à Itália, na esperança de corrigir o defeito congênito. Os resultados do tratamento médico não foram animadores e Anita teve que carregar essa deficiência pelo resto da sua vida.
"Eu tinha 13 anos, e sofria porque não sabia que rumo tomar na vida. Nada me revelara minha sensibilidade. Resolvi, então, me submeter a uma estranha experiência: sofrer a sensação absorvente da morte. Achava que uma forte emoção, que me aproximasse violentamente do perigo, me daria a decifração definitiva da minha personalidade. E veja o que fiz. Nossa casa ficava próxima da estação da Barra Funda. Um dia saí de casa, amarrei fortemente as minhas tranças de menina, deitei-me debaixo dos dormentes e esperei o trem passar por cima de mim. Foi uma coisa horrível, indescritível. O barulho ensurdecedor, a deslocação de ar, a temperatura asfixiante deram-me uma impressão de delírio e de loucura. E eu via cores, cores e cores riscando o espaço, cores que eu desejaria fixar para sempre na retina assombrada. Foi a revelação: voltei decidida a me dedicar à pintura."
Anita Malfatti