Hoje de manhã, a Lurdinha, que trabalha desde sempre aqui em casa às segundas, chegou com um sorriso frouxo. Contou que, na sua vila, no Pina, o clima era dos piores: o fim de semana de sol e chuva foi também de revolta e luto. Ela conhecia Paulo Ricardo Gomes da Silva, o jovem torcedor de 26 anos brutalmente assassinado num estádio, com o arremesso de uma latrina que, dizem, o massacrou com peso de 350kg. Desalmou o rapaz na hora.
É... mais um crime em campo, no país do futebol. Um Silva a menos na face da Terra. O próximo, por favor!
Dá medo. Será que os gringos sabem o que rola pelas bandas de cá? E se arriscarão a vir para essa tal Copa pra inglês ver? Fico pensando como vai ser. Quantos vão morrer? Gostaria de proibir meu irmão Arthur, meu primo Gustavo, e todos que eu amo nesta vida, de frequentar estádios de futebol, seja jogo do Timão ou de qualquer outro. Porque é caótico e não existe segurança. Como diz o amigo Xico Sá, estamos, sim, num "país de matadores". Num mundo de expiação. É triste.
Aí, voltando à conversa com Lurdinha, ela me contou mais sobre a vida e a morte do rapaz Paulo Silva. Disse que, no cemitério, a mãe, também diarista (Dona Joelma), urrava de dor, suplicando para ser enterrada junto ao seu filho em sua nova morada.
Silêncio.
Joelma despede-se de seu filho Paulo Ricardo Silva, morto num estádio de futebol brasileiro. |
Fico imaginando a cena. Desvio o olhar umedecido pelo pranto, como se essa angústia fosse minha também. Para quem perde os pais, existe a palavra "órfão". Mas para quem perde um filho, resta carregar o peso insuportável desta dor sem nome, para sempre. Não sara nunca.
Só sei que domingo que vem, para Joelma, não vai haver dia das mães. Porque sua alma partiu junto com o corpo do filho que ela tanto amou. Meu coração continua de luto.
PS1.: A polícia prendeu um dos culpados pelo crime. Agora faltam outros dois. Alguém tem motivo pra comemorar?
PS2.: Ontem, em duvidosa matéria do Fantástico, o jogador Daniel Alves falou bonito, afirmando que "devemos ser fortes e perdoar", o mesmo discurso de um tio de Paulo Silva, que é pastor. Então perdoe-me, Deus, mas minha alma ainda tem muito a evoluir...
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