Nossos Ossos Marcelino Freire |
Passei 120 páginas prendendo a respiração, ralentando as ideias, saboreando as imagens. Cada palavra, nua, me transportava pra longe, onde a imaginação do autor brincava de deus e eu me perdia do agora.
Quando a gente gosta de um livro, é um caso de amor: você se deixa levar, pensa, quer. Depois do banho noturno, veste camisola perfumada e abre na página marcada. Viaja; adormece junto. Sonha, volta, sente. Ele, sempre ali, te esperando. Frescor.
91, 92, 93… "revelando mundos e inventando outros".
99, 100, 101… "um autor só é autor quando é vítima de um desprezo".
Marcelino Freire e Brenda Ligia |
Aí, de repente, 105, 106, 107… paro na despedida triste, no beijo teatral.
Tomo chá, ando até a janela e sinto a brisa do mar da praia de Boa Viagem.
116... encerro a ladainha. 119 e 120: decreto o fim deste "road-book" cinematográfico. Mas, para mim, o pano ainda não caiu; Heleno reverbera aqui dentro.
Recomendo o incrivelmente intenso livro "Nossos Ossos", a primeira "prosa longa" de Marcelino Freire. Sensacional!
"São Paulo foi sempre um mal necessário, seus apelos e prédios, viadutos e bichos, drogas e sexos, de nada me arrependo, compreendo meu destino, trágico, dele construí minha arte, o meu maior sacrifício, toda a minha liberdade".
-Heleno, em Nossos Ossos.
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