Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês).
Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos.
Prêmios/ ATRIZ
-Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023)
-Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022)
-Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê
-Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia
CINEMA
Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV
Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc.
MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT.
Contato: atendimento@castinglab.com.br
CAFUNÉ, texto de Brenda Ligia Miguel, para todas as mães que perdem seus filhos diariamente, brutalmente assassinados pelo Estado brasileiro. Estamos em guerra!
A websérie poética Papo de loko teve a coragem de me convidar pras ideias. Dia 20/05, quarta-feira, faço participação no novo episódio da série, entre os “brabo” Marco Phé e Daniel Minchoni, artistas da melhor qualidade, me arriscando pelos poemas autorais.
A gravação, no Boteco Pratododia, foi numa era distante, quando poetas andavam sem máscara, inflando vácuo de desejo sóbrio e espantando luto de certeza tola.
O bonde da pesada também tem Luiza Romão (monstra!) e Arthur Moura Campos (my piece of heart…), pense.
Só se fala em outra coisa: assista Papo de loko, e, se puder, fique em casa.
A Mídia NINJA publicou o texto CRIADA MUDA, de Brenda Ligia Miguel, e, em pouco tempo, meu vídeo teve quase 235 mil visualizações só no Instagram. Além de centenas de comentários, compartilhamentos, etc. OBRIGADA!
Brenda Ligia, autora do texto CRIADA MUDA, que tem 235 mil visualizações na Mídia Ninja
A cruel divisão entre Senzala e Casa Grande ainda perdura no Brasil. Até quando?
Por falar em mãe, a minha adorava bater perna no centro de São Paulo. Eu, criança de uns 6 anos, andava segurando seus dedos gordinhos até o Mappin da Praça Ramos. Meu irmão, descolado, ia solto atrás da gente, misturando-se à multidão apressada. Num desses passeios em família, a polícia teve certeza que meu irmão, suposto trombadinha, estava prestes a assaltar a distraída senhora quase branca, alheia ao perigo que o próprio filho representava à sociedade brasileira. Foi parado para revista; o primeiro baculejo gelou a espinha do moleque de 10 anos. Não sabia que mais tarde, já adolescente, corintiano e negro, teria que provar a outros racistas que morávamos, realmente, no edifício Lugano da Avenida Higienópolis.
Texto de Brenda Ligia no portal Blogueiras Negras
Voltando aos anos 80, com voz trêmula, meu mano berrou: “manhê!”. Quando mamãe olhou pra trás e viu a cria sendo apalpada pelos gambés, bradou feito leoa ninja. Abriu-se um clarão; o povo curte show de amor explícito. A bolsa da liquidação do Mappin, que carregava presa ao peito, voou rasante rumo aos homens da lei, sob os gritos de “Larga meu filho!” e “Vai prender bandido!”. Os fardados, acuados pela fúria da Dona Marizia (soltava fogo pelas ventas) e cientes da violência cometida, sepultaram as armas como quem pede desculpas e finalmente tiraram as mãos do menor “de família”. Assustada, só chorei por dentro. O povo dispersou. A bichona-leoa Marizão (quem conhece, sabe) se aprumou numa elegância coreografada e, com mãos firmes de mãe forte, nos segurou pelos pulsos (um filho de cada lado). Na volta pra casa, ninguém largou a mão de ninguém e seguimos na cumplicidade silenciosa de uma família tipicamente brasileira. São sempre os nossos que sangram primeiro.