Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês). Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos. Prêmios/ ATRIZ -Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023) -Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022) -Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê -Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia CINEMA Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc. MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT. Contato: atendimento@castinglab.com.br

20 de fevereiro de 2013

As voltas que a vida dá



Cena I

Uma mulher negra e alta arruma as malas para viajar a trabalho. 

(Feliz, aproveito a passagem para ficar uns dias a mais com a família em São Paulo. Mil planos à vista: levar as crianças ao parque, declarar o imposto de renda da minha mãe, beber vinho na madrugada com as amigas, assistir às peças dos colegas em cartaz...)

Toca o telefone. Ela ouve. Seu coração vai ficando apertado, diminuindo de tamanho. 

(A voz dela estava diferente ao telefone; mais rouca. Me contou que estava com falta de ar, sem fôlego, dificuldade na respiração. “Fui pro hospital, suspeitaram de pneumonia. Não era. No exame, apareceu um caroço de 2cm no meu pulmão, comadre” – nesse ponto ela começou a chorar. Sentei, fraca. Não saíam palavras. Eu tentava engolir minha amargura para vomitar esperanças

Pausa dramática (na vida). 

(Estou com dor no coração. A gente nunca acha que vai acontecer de verdade, de repente. Duvida-se que o cigarro faça mal até que alguém próximo entre pras estatísticas. 

Minha comadre é uma mistura de mãe com irmã mais velha: foi quem estava comigo no dia em que mais chorei nessa vida, aos 11 anos de idade. E também a primeira amiga com quem morri de rir. 

É uma mineira bonita, balzaca alegre, enfermeira trabalhadora, que mulher divertida! Sou madrinha de batismo da sua única filha; hoje, a mais linda moça, minha afilhada. Estamos conectadas na alegria e na saúde, na tristeza e na doença. É família, uai).

Quando desliga o telefone, a mulher já não é mais tão alta. Nem feliz. 

(Continuo arrumando a mesma mala, mas a bagagem que levo agora é diferente: pesa mais. Mas tem que ter força pra carregar. É... as voltas que a vida dá. Meu fim de semana em SP incluirá pernoites na badalação do hospital, acompanhando minha grande amiga em sua luta. Vão fazer a cirurgia para retirar o tumor. Maldita doença... mas estamos confiantes que vai dar tudo certo! Os médicos são bons, a medicina tá avançada... e tem Deus! Está, então, em boas mãos: pode entregar. E tô chegando! Quando a vida dói no peito, pode segurar minha mão, comadre querida. Gente serve também pra fazer chorar... mesmo nós, que sempre rimos de tudo até hoje nessa vida. É muito amor, viu? E isso também cura. Te amo). 

Esta é minha comadre amada

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