Brenda Ligia-Cinema,TV,Teatro

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Brenda Ligia é atriz, mestre de cerimônias, diretora, apresentadora e locutora trilíngue (inglês/francês). Como atriz, atuou em 15 longas, 12 séries de TV, dezenas de curtas e espetáculos. Prêmios/ ATRIZ -Prêmio de melhor atriz no Brazil New Visions Film Fest (2023) -Prêmio de melhor atriz no Festival Riba Cine RJ (2022) -Prêmio de melhor atriz no Festival CinePE (2017) Prêmios / Diretora: -Prêmio Diáspora no Silicon Valley African Film Festival (USA, 2020) pelo seu curta Contraste, lançado pela MídiaNINJA -Prêmio Empathy no Essential Stories Project USA (2020) pelo seu documentário Ilê -Prêmio Especial no Cine PE (2014) pelo seu documentário Rabutaia CINEMA Cidade; Campo (Berlinale) 2024, Amado (Globoplay, Telecine) Sangue Azul (Netflix), Bruna Surfistinha (Netlix), etc. TV Séries Além do Guarda-roupa (HBO Max), Assédio (TV Globo, GloboPlay), Sob Pressão (Globo), A mulher do prefeito (Globo), etc. MC Brenda Ligia está na lista das 10 melhores mestres de cerimônias do Brasil, via Super SIPAT. Contato: atendimento@castinglab.com.br

13 de agosto de 2011

Era uma vez...

Era uma vez uma adolescente babaca (eu) e cheia de caraminholas na cabeça (filha de pais separados, ui). No meu então tradicional colégio católico (Sion, em Higienópolis) usávamos todos tênis New Balance ornando com calças da M. Officer, que me fizeram perder interesse em Barbies diversas e Mickey Mouse gigante trazido da Disney, que entulhavam o quarto.

Logo após a separação dos meus pais, ganhei "um novo lar" (que, na verdade, nunca vira REALMENTE "nosso NOVO lar") no Alto da Lapa, no qual eu e minhas amigas, as irmãs Pupu e Carol, passávamos "tempo de qualidade" ouvindo boa música (época de Legião Urbana). Costumeiramente, aos sábados, meu pai voltava da feira do Pacaembu trazendo salada fresquinha que servia com frango assado aos filhos e amigos. Era bom.

Um dia estávamos eu e meu pai descendo no elevador deste novo prédio na Cerro Corá, em tempos áureos da MTV Brasil, quando entrou Thunderbird, então VJ favorito. Gelei! Talvez tenha percebido, pois cumprimentou-me, daquele jeito desengonçadamente engraçado. Respondi. Cordiais, sorrimos. Então papai interveio, perguntando ao famoso: "de onde você conhece minha filha?". Ruborizei, fiz careta, e poupei-o de explicações imediatas. Ah, papai!



Eu e papai, na Champs-Élysées


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Agora senta que lá vem a história...
Lá pelos anos 50, em Ibiá (triângulo mineiro de Minas Gerais, minha terra natal: a capital do leite), minha avó deu à luz o primeiro menino; negro de olhos verdes. Eram pobres, família grande; se não me engano, chegaram a passar fome. Frango era só no natal. Soube que meu pai tinha que cortar o calcanhar dos sapatos quando não mais lhe serviam, pois em tempos em que os pés cresciam rápido, o trabalho do meu avô ferroviário não bastava para calçar 14 pés de 7 filhos (imagina!).

Não sei mais o que é lenda, mas soube que meu pai fora lenhador, padeiro, carteiro e entregador de jornal (será que, em Ibiá, àquela época, já havia jornal?); sempre muito estudioso, dotado de uma incrível habilidade com números exatos. Porém seu primeiro emprego formal foi arranjado pelo meu avô, na Nestlé da cidade (fábrica de Leite Ninho): meu pai era contínuo (vulgo office-boy). Depois de anos, foi promovido. Transferiram-no (já com família) para Itabuna (BA); nova promoção e transferência para São Paulo; e depois, finalmente à Suíça (a sede da Nestlé, em Vevey), onde viveu por sete anos, encontrou o amor e casou-se com minha madrasta, Yvonne. Fomos ao show do B.B. King no festival de Montreux, viajamos por quase toda a Europa e ganhamos 2 irmãos novos!

Nova transferência: desta vez para a Nestlé de Trinidad & Tobago, no Caribe; eu fui junto... fazer faculdade de Ciências Sociais (?), morar em república e falar inglês fluente. Depois de anos, novo destino: Panamá, na América Central (obrigada, Yvonne, por nos dar de presente aquela viagem em grande estilo, com nossa grande família!).


Resumindo... Hoje é DIA DOS PAIS e estou sozinha num quarto de hotel, digitando nesse lap top que ele me deu de presente de aniversário. Que meus pensamentos amorosos voem além mar, até a Suíça, para te abraçar, papai. Te agradeço não pelo carro que me destes, nem por me obrigar a estudar línguas, nem pelas Barbies da vida, nem por ter nos levado ao show do Michael Jackson no Morumbi.

Agradeço, sim, por todas as vezes em que chegava cansado do trabalho ou das aulas que dava na FAAP (formou-se "depois de velho", como diziam), e ainda assim tinha espírito para alegrar-se com meu sorriso dormente no sofá. Amassava meio abacate com leite Ninho e açúcar e dividia comigo; obrigada, papai. Por me carregar no colo até quando possível (sim, é também uma metáfora). Por me aconselhar, ensinar, perdoar. Por querer sempre o melhor pra mim, pros meus irmãos. Por ser este homem reto, elegante, de grande valor e bons princípios herdados dos meus avós. Obrigada por ter transformado aquela menina nessa mulher que sou hoje, pai. Considere a missão cumprida!



Agora, de repente, a saudade começou a queimar o peito. E enquanto cai essa solitária lágrima singela (do meu olho esquerdo), termino esse post emocionado com a certeza de que, se um dia eu te der um décimo da alegria que sinto por ser sua filha, já valeu a pena, pai. Te amo, sempre.
Sua filha Brenda

5 comentários:

Carime disse...

Como escreve bem essa Brenda!
Que texto lindo. Choramos no fim. Parabéns. Seu pai deve ter muito orgulho de ter uma filha como vc.

Cax disse...

Me emocionei...

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Seu pai deve ter realmente muito orgulho da filha que tem.
Parabéns Brenda

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Parabéns Brenda. Da pra ver a felicidade do seu pai ter uma filha como vc.

Anônimo disse...

Oi Brenda, estou aqui em Ibiá na sala onde trabalho na Secretaria de Desenvolvimento Social procurando pesquisando sobre Ibiá e num piscar de olhos acabei lendo seu blog e me emocionado com seu relato sobre seu pai. Alcione Ferreira