Estou envolvida até o talo com os preparativos pré-viagem. Ando com uma lista de missões burocráticas a resolver (inclui até mesmo uma visita à Caixa Econômica Federal, imagine!). Hoje, porém, respirei fundo ao ler aquele item específico: "ir ao sapateiro". Ah, pronto!
Era sabido que o sapateiro me detestava, e eu também o detestava de volta. Quantas vezes saí bufando da sapataria, porque ele fora mal-criado! Dizia que ia procurar outra sapataria e ele recusava meus sapatos. Prometi não voltar naquele muquifo, no entanto, era esse o item da minha lista burocrática, de modo que lá fui eu, rumo à sapataria como quem caminha pra forca.
Ao avistar-me, bufou. Também bufei. Rosnou. Eu também. Realmente: eu e o sapateiro não vamos um com a cara do outro! Faíscas no ar: viramos personagens de bang bang no velho oeste norte-americano... cruz credo!
Eu disse que ia viajar dentro de 2 dias, então precisava de certa pressa (querendo dizer que eu o achava extremamente preguiçoso e ficava enojada com sua má vontade para com o trabalho, os clientes, a vida). Ele disse que já tinha "aquilo tudo de sapato pra consertar antes do feriado, ó!", mostrando a pilha de calçados (querendo dizer que me achava folgada pra caramba e que ficava puto da vida com minha falta de respeito para com o trabalho, os mais velhos, a vida).
No controle comercial, ele deu a sentença: o preço superfaturado cobrado pelo serviço indesejado. Revirei os olhos e pensei na minha viagem. Respirei fundo e abri a bolsa. Olhei, pela primeira vez na vida, dentro dos olhos daquele senhor, o sapateiro, e abri a carteira e o coração. "Fique com o troco; caixinha pro senhor". Ele, então, me surpreendeu. Fez algo que eu pensava que não fosse capaz: sorriu pra mim, pro trabalho, pro dinheiro e pra vida.
Pronto: um item a menos na minha lista. Ao lado de "ir ao sapateiro", acrescentei "José Silva", seu nome, e um sorriso sem carrancas.
Ao avistar-me, bufou. Também bufei. Rosnou. Eu também. Realmente: eu e o sapateiro não vamos um com a cara do outro! Faíscas no ar: viramos personagens de bang bang no velho oeste norte-americano... cruz credo!
Eu disse que ia viajar dentro de 2 dias, então precisava de certa pressa (querendo dizer que eu o achava extremamente preguiçoso e ficava enojada com sua má vontade para com o trabalho, os clientes, a vida). Ele disse que já tinha "aquilo tudo de sapato pra consertar antes do feriado, ó!", mostrando a pilha de calçados (querendo dizer que me achava folgada pra caramba e que ficava puto da vida com minha falta de respeito para com o trabalho, os mais velhos, a vida).
No controle comercial, ele deu a sentença: o preço superfaturado cobrado pelo serviço indesejado. Revirei os olhos e pensei na minha viagem. Respirei fundo e abri a bolsa. Olhei, pela primeira vez na vida, dentro dos olhos daquele senhor, o sapateiro, e abri a carteira e o coração. "Fique com o troco; caixinha pro senhor". Ele, então, me surpreendeu. Fez algo que eu pensava que não fosse capaz: sorriu pra mim, pro trabalho, pro dinheiro e pra vida.
Pronto: um item a menos na minha lista. Ao lado de "ir ao sapateiro", acrescentei "José Silva", seu nome, e um sorriso sem carrancas.
3 comentários:
Boa viajem.
Falou do barraco e não disse pra onde vai.
Nem quando volta.
Abraços
gostei muito! Me deu uma saudade de te ouvir contando causos.
Dona Brendali, a senhora que não me abandode (e nem ao marinheiro de primeira viagem) senão boto logo minhas carrancas de fora hein bonitona!? beijos grandes.
Boa viagem! E adorei o post, e a mensagem!
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