LEGENDA DA FOTO: “91,2% de ATRIZES NEGRAS NO ELENCO”
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Atrizes negras: Cici Antunes, Jaqueline Rocha, Barbara Garcia
Elaine de Abreu, Luciana Silveira, Tati Godoy
Ana Paula Leão, Brenda Miguel |
Mulheres pretas e pardas representam 11,8% das indicadas ao prêmio de melhor atriz, com as mulheres pardas sempre mais representadas que as pretas (colorismo). Entre as vencedoras, contudo, as mulheres pretas não estão representadas. Este boletim do
GEMAA Pesquisa (Grupo de Estudos Multidisciplinar da Ação Afirmativa) analisou a diversidade de raça e gênero ao longo de 15 anos do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, organizado pela Academia Brasileira de Cinema.
Outro boletim revela que as histórias narradas nos filmes brasileiros de grande público têm protagonismo maior de homens (60%), quase todos brancos. A participação de mulheres (39%) é numericamente inferior. Contudo, a maior desigualdade se dá novamente na variável raça, que é inclusive mais intensa entre as mulheres. Enquanto a proporção entre brancos e negros é um pouco inferior a 6 para 1, entre protagonistas mulheres ela atinge 18 para 1.
A produção cinematográfica do país é mais um campo em que a gravidade da questão racial se evidencia, e com particular intensidade para as mulheres negras. Elas sofrem uma dupla exclusão, de gênero e de raça – fenômeno que a literatura especializada denomina interseccionalidade. O aumento de recursos estatais direcionados ao setor não pode estar dissociado da análise crítica sobre o bem público gerado pela atividade financiada.
Como podemos constatar, em quase meio século de cinema nacional, a despeito das mudanças de regime político e de governos, intensas desigualdades continuaram a marcar esse campo da indústria cultural, no qual predomina o gênero masculino e, sobretudo, as pessoas de cor branca.
ESTÉTICA SUECA DA TV BRASILEIRA
As 156 telenovelas brasileiras que foram lançadas entre 1985 e 2014 possuem, em média, 91,2% dos seus personagens centrais representados por atores e atrizes brancos, tendo em vista que 47,9% da população brasileira se reconheceu como preta/parda no censo de 2010. Os brancos representam cerca de 91,2% dos atores e atrizes das novelas levadas ao ar nos últimos trinta anos, percentual bem próximo daquilo que
Joel Zito Araujo chamou de “estética sueca da TV brasileira” (
Joelzito Araujo).
Ademais, mesmo nos casos em que pretos e pardos se fazem minimamente presentes, eles são escalados para novelas sobre temas que costumam reproduzir a imagem clichê e estereotipada (escravidão, favelas, periferia). Em um país fundado originalmente sobre um sistema econômico baseado em séculos de escravidão negra, os debates em torno da identidade nacional se confundiram com discursos eugênicos sobre nossa heterogeneidade racial.
As novelas da
Rede Globo TV constituem espaços de branquitude; de fato, os brancos estão no poder, na figura de escritores e diretores, e simbolicamente, na sua forte dominância em papéis de protagonismo. De maneira complementar, aos não brancos são relegadas posições subalternas, marginais e estereotipadas, demonstrando como o padrão branco é imposto de maneira sub-reptícia por meio desses bens culturais.
Nenhum dos escritores ou diretores principais das novelas computadas foi considerado pardo ou preto. Isso indica que, apesar de alguns tímidos esforços da emissora em pluralizar o elenco de suas novelas, o mesmo não vale para sua produção. Como se sabe, os escritores e diretores das novelas da Rede Globo têm um papel que vai muito além da formulação e condução das narrativas dramatúrgicas. Mais do que isso, eles participam da escolha dos protagonistas e de boa parte do elenco, além de opinarem sobre detalhes que vão da locação ao figurino das novelas. Portanto, a hegemonia de produtores (escritores e diretores) brancos é, talvez, MAIS GRAVE do que a sub-representação de atores pretos e pardos.
GEMAA é um núcleo de pesquisa criado com o intuito de produzir estudos sobre ação afirmativa, desenvolvendo investigações sobre a representação de raça e gênero na política e em diversas instituições e mídias (jornalismo, cinema, telenovelas, revistas, etc). Busca chamar atenção para desigualdades presentes em importantes esferas da produção cultural. A busca por igualdade é tarefa completa que demanda um olhar clínico e crítico sobre os vários aspectos da vida social, do econômico ao simbólico, compreendendo todas suas mediações políticas e sociais.
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Tive a curiosidade de checar outras atrizes concorrendo na mesma categoria. São elas: Claudia Abreu, Cássia Kiss, Denise Fraga, Dira Paes, Leandra Leal, Nicete Bruno, Vera Holtz… dessas, quantas são NEGRAS? E também Alessandra Negrini, Alinne Moraes, Bruna Linzmeyer, Camila Morgado, Carolina Ferraz, Danielle Winnits, Flávia Alessandra, Grace Passô, Ingrid Guimarães, Isabel Zuaa, Isis Valverde, Juliana Paes, Mariana Ximenes, Nívea Maria, Paolla Oliveira, Sandra Corveloni, Simone Spoladore, Tatá Werneck, Thalita Carauta… entre outras.
PS2.: Você, artista negra, que deseja saber mais sobre o "Coletivo Pérola Negra" que está sendo criado pelo elenco acima, favor deixar seu contato e registro nos comentários abaixo. Em breve marcaremos nossa primeira reunião e futuras ações. OBRIGADA, e Muito Axé!
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