|
André Novais e Gabriel Martins no set de filmagem. |
Por Brenda Ligia, integrante do Júri da ABD (Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-Metragistas), que premiará o melhor curta-metragem nacional no Festival Janela Internacional de Cinema do Recife em 2013.
Sabe aqueles malucos que pensam que tudo dá um filme? Então. Ainda bem que com André Novais, diretor do curta-metragem "
Pouco mais de um mês", aconteceu exatamente assim. E isso deu um filme lindo.
Todo o processo de filmagem aconteceu numa breve lufada de uma semana; rápido, fugaz e impulsivo, como nas paixões que avassalam em pouco mais (ou menos) de um mês. Já aconteceu comigo, com você, e com André, que atua com a namorada na vida e na arte; a charmosa atriz Élida Silpe.
A intimidade do casal, começando pela cama, é posta à prova a todo momento, através do silêncio incômodo que deve ser evitado a custo do desconforto nas relações recentes. Os acanhados hábitos matutinos e as variáveis do sono e do despertar são tão desconhecidos quanto os amantes em questão.
Os atores representam quase a si mesmo com entrega e verdade, revelando o desconforto natural que envolve situações práticas num primeiro momento do relacionamento. Existe uma linha tênue entre a ficção e o documentário, como se ambos flertassem caprichosamente entre si.
Outro mérito do filme é o olhar que traz sobre as coisas triviais que raramente são traduzidas, desde a simples ação do personagem desenrolar fios enquanto outro faz o toalete matinal, ao recebimento de mensagem de texto em branco (ou só com ponto final) da senhora mãe sem prática tecnológica com celular. Assim como, para Élida, "os carros estão cada vez mais prateados e menos coloridos", é preciso reconhecer que muita coisa, neste curta, dá realmente um (bom) script para a vida real.
No festival Janela Internacional de Cinema, "Pouco mais de um mês" faz jus ao nome do programa no qual é exibido: "Câmara escura, câmera obscura", de maneira original, sincera e criativa. O filme consegue transportar o espectador para dentro de uma realidade pulsante que incita o apego aos personagens, que sorvem elementos externos, urbanos, e, quando chega o momento da partida, estamos tão envolvidos que o beijo de despedida sela o desejo dos amantes. Este amante sou eu, você, e cada espectador que contempla, pensando "também aconteceu comigo".
Brenda Ligia, atriz.
REPRISE
Segunda-feira, 14 de outubro, 18:30h no Cinema da Fundação (Fundaj, Recife, PE, Brasil).
Também serão exibidos:
- Pátio, de Aly Muritiba (PR)
- Nossos Traços, de Rafael Spínola (RJ)
- Os Filmes Estão Vivos, de Fabiano de Souza e Milton do Prado (RS)