No embalo de sábado à noite, meu telefone tocou e soube da notícia. Bingo, o cachorro boxer lá de casa, morreu ontem, aos 10 anos de idade. Minha mãe contou que ele começou a tossir, roncar, gemer; então caiu e não levantou mais. Dormiu ali no alpendre de casa, numa tarde nublada, pra nunca mais acordar. Meu irmão, o dono verdadeiro, ligou pro centro de zoonoses e pediu pra retirar a carcaça do animal. Homem feito, partido por dentro.
Ao saber da notícia, senti aperto no peito. Justo eu, que nunca fui fã de bicho de estimação. Pensei nos 10 anos em que Bingo fez parte da minha vida; quase um membro da nossa família. Quando saía cedinho pra trabalhar, ele se despedia de mim roçando o focinho no portão. Quando eu chegava em casa de madrugada, era ele quem me saudava, abanando o cotôco do seu rabicó.
Quantas vezes espiei cenas do Bingo com as crianças! O bebê vibrando de excitação ao colocar ração na bocarra dele; meu sobrinho chegando da escola e brincando com o cão, que pulava de alegria ao vê-lo. Amor incondicional, irracional, bilateral. Todos, sem exceção, falavam com ele. Até eu. "Oi, Bingo".
Agora, "tchau, Bingo". Pra nunca mais.
Tantas lembranças invadiram minh'alma. E, a quase 600km de São Paulo, desabei. Chorei a morte do Bingo, na cama, como uma menina abandonada, longe de casa, sozinha no mundo. Chorei minha culpa, minha solidão, meu medo... solucei meu pranto. Suspirei minha dor. Assoei minha saudade. Rezei... então me acalmei. O sono veio acalentar meu espírito, enquanto a Savassi, lá fora, fervia em buzina, música e gente. Aqui dentro (do meu peito), só eu, mesmo. E Deus.
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Como não poderia deixar de ser, o Bingo também estrelou na Mexerica Filmes.
Como não poderia deixar de ser, o Bingo também estrelou na Mexerica Filmes.
Segue o link do vídeo . É comédia. E saudade.