Brenda Ligia

19 de setembro de 2012

As garotas do privê

 Sergio Penna, Brenda Ligia, Fabiula Nascimento, Simone Iliescu, Erika Puga, Drica Moraes
Cris Lago, Sil Matteussi e Deborah Secco
Sabe quando a lembrança faz cócegas na alma e libera umas borbulhas de euforia na boca do estômago da gente? Então... que delícia trazer pra perto dos olhos quem já está no coração. As parceiras do filme Bruna Surfistinha todas reunidas no exclusivo encontro-privê na casa da Deborah Secco Flores: impossível não sorrir!
Três anos se passaram desde nossas filmagens na cracolândia, num prédio abandonado, sem eletricidade, com muitos lances a galgar antes de alcançar o set. Lá do terraço víamos o nervoso dos zumbis que vagavam como ratos no lixo, piscando seus isqueiros aos bandos. Alguns ainda eram crianças... talvez já nem existam mais.
Para além deste drama real, o que nos marcou, mesmo, foi a preparação para o trabalho com o mestre Sergio Penna, que consistia em passarmos uma temporada vivendo numa pequena casa alugada, em laboratório para construção das personagens e das relações entre elas. Nossa convivência no cotidiano do privê chefiado por Dona Larissa (Drica Moraes) foi fundamental para nos guiar pelo caminho do naturalismo em cena.
Ficamos surpresas com a profundidade que a atuação pode atingir. Dormindo, acordando, fazendo almoço, faxina, novela, balada, briga, baralho, cliente, café. Aprisionada na solidão da minha personagem, encontrei a liberdade para existir apenas; isto me conduziu a um nível até então desconhecido de interpretação. À noite, eu sonhava os sonhos de Kelly, personagem que mal existia no roteiro inicial... uma loucura inventada que só a gente entende.
 
Foram horas, dias, semanas. Momentos de vazio absoluto e dor extrema; tudo real, bruto, seco. Ninguém saía do jogo, intenso e tenso. Música! E dançavam na sala, rebolando e cantando. “Fabiula Nascimento, Cássio Gabus, Deborah Secco, Drica Moraes... o que EU tô fazendo aqui no meio dessas feras?” Concentre-se, Brenda. Espantava meu próprio pensamento, já voltando à cena, pois nosso estado de alerta constante não permitia desligamento nem deslumbre cênico.
Tudo teria ficado apenas na memória se não fosse a ilustre presença de alguém praticamente “invisível” entre as 7 mulheres  confinadas em poucos metros quadrados. Era Lara, a câmera woman discretíssima que registrava de perto os acontecimentos da casinha. São 30 horas de material captado, exclusivo e inédito. Tanta beleza de encher os olhos... tudo vivo e espontâneo, livre. 
 
Então a musa Deborah, que é o ser mais generoso que existe, depois de assistir a um trechinho do todo e salivar com gosto de quero-mais, teve a brilhante ideia e fez questão da presença de todas em sua casa... veio gente até do Araguaia! Foi importantíssimo para completarmos o ciclo (assistir às cenas depois do distanciamento) e cultivarmos o afeto.
O frisson era geral! Gritinhos e abraços sob o calor da amizade. Uma tá casada, outra tá curada, fulana faz regime, ciclana faz sucesso! Parece que foi ontem... assistir aos vídeos da casinha mexeu com a gente, de novo. Cenas duras que revelam a fragilidade humana em seu estado puro... ali vivemos tanta coisa bonita, visceral e verdadeira! Isso, intenso assim, é cinema!

Esparramadas pelo sofá, tapetes e almofadas, discutimos animadamente madrugada adentro, desejando que a noite durasse o tempo suficiente pra matar a saudade.

Sabe quando você tá cansada mas não quer dormir e até segura a bexiga cheia pra não se afastar das boas companhias e aproveitar o tempo? É assim quando a gente se encontra. Somos um time construído com amor e ternura, que é o que a gente leva dessa vida.
Obrigada, sensível Penna, por não acreditar em preparação. Nós acreditamos em você.  E creditamos a você. Com amor às minhas meninas, Brenda Ligia, a Kelly.

FOTOS DA CASINHA (preparação de elenco)
facebook Sergio Penna/ Preparação para cinema: https://www.facebook.com/media/set/?set=a.202731366410867.60963.100000220161515&type=3

Cenas do FILME - http://youtu.be/hKDkIxsY_l8

 

Um comentário:

Desembucha aqui, ó!