Brenda Ligia

29 de julho de 2012

Um pra cada

À esquerda, o mais velho. No meio, a caçula. À direita, o do meio.
(meus irmãos e eu)
Primeiro ouvia-se o tilintar do molho. O chiado da maçaneta, o estalar da dobradiça, o ranger dos passos e, então, o assobio. Sempre às dezenove horas.
Naquele dia ele trouxe uma surpresa: a caixa com furinhos que piavam. Os olhos das crianças brilharam. Três pintinhos: um pra cada, bamboleando pelo balcão.
À primeira bicada, a caçula amarelou. Emburrada, disse que nunca mais iria relar no pinto e nem comer gemada de manhã. Surtou.
O do meio levou o dele pra conhecer o quintal. Mas se desencontraram, e por distração (do petiz, não do filhote) acabou pisando no pobre pinto, esborralhado sem dar um pio. Ploft.
Mas quem mais gostou do presente foi o primogênito, que começou com brandos afagos e foi sucumbindo à empolgação. O moleque achou aquilo fofo, mas tão fofo, que amassou o coitado do pinto até esmagá-lo entre suas mãozinhas. Misericórdia.
Choro em coro. Pais em frangalhos. E só pararam de soluçar durante o adeus aos desenganados no quintal porque o pai, com o pinto vivo na mão, prometeu que  ia trazer três tartaruguinhas no dia seguinte: uma pra cada. 
Por Lenda Brígia
(para meu pai e meus irmãos; em memória dos nossos três pintinhos que viveram e morreram nos anos 80)

Um comentário:

  1. Ótimo texto e linda foto !!
    Eu também sou caçula de três irmãos !!
    Beijos.

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